segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Bebê ou boneco?

Tenho repensado muitos dos meus comportamentos com as crianças. Hoje, com um bebê em casa, vejo como somos - nós, adultos- abusivos com eles. Não enxergamos o bebê como um ser vivo. Tratamos os pequenos como objetos. Não respeitamos seus horários, seu ritmo, seu tempo, sua vontade. Miguel é um bebê muito sério. Brinca bastante em casa, mas quando sai, põe um franzido engraçado na testa e um olhar super desconfiado. Olha tudo, mas sem gracejos com ninguém. Ouço diversos comentários sobre isso. Talvez por isso poucas pessoas sejam invasivas com ele. Por isso e pela minha cara de poucos amigos quando alguém abusa. Mas os estranhos não são o problema. Quem mais desrespeita é quem está próximo, que invade sem querer, sem maldade, sem pensar. A família além do pai e da mãe é um conceito que a criança irá construir com o tempo. Ela não nasce sabendo quem são os avós, ou tios, tias e primos. Ela não sabe que aquela pessoa que chegou cheia de sorrisos é uma amiga-irmã da mamãe ou é um amigo do papai. Aos olhinhos deles, são estranhos. Não são o papai e a mamãe.
Cansei de ter meu filho arrancado dos meus braços por um parente qualquer, que chega afoito, doido para brincar com ele.Algumas vezes dou um não incisivo, outras vezes acabo deixando. Óbvio que acaba em choro e volta o pequeno inconsolável para o meu colo. Quantos de nós gostamos de ser tocados, agarrados e beijados sem a nossa permissão? Porque um bebê tem que gostar de passar de colo em colo, como se fosse um boneco?  Sempre achei uma tremenda falta de respeito. Alias, essa questão de colo é bem complicada. Nunca gostei que qualquer um pegue em meu filho. Não deixo que estranhos o carreguem. Se vejo que está incomodado no colo de alguém querido, educadamente, o tomo nos braços. Acho que o toque é algo intimo. Não saio abraçando estranhos na rua. Não toco em alguém sem que esta pessoa tenha me dado sinais de que quer ser tocada. Tocar é trocar energia. Hoje, aos 6 meses, Miguel já demostra se quer ou não que alguém o pegue no colo. Abre os bracinhos quando quer, ou simplesmente vira, deixando claro o Não. E como ninguém tem sido tão legal quanto o chão, este não tem sido cada vez mais frequente.
Ouço que estou criando um menino antissocial  Que ele é muito apegado a mim. Pois bem, se meu filho, um bebê, não for apegado a mim, que o carreguei no ventre por nove meses, que o pari, que o alimento no meu seio, ele será apegado a o que? Ao gato? Ao sofá? É logico que ele é apegado a mim. É claro que o meu colo traz conforto. Meu corpo é o lugar que o deixa mais seguro, por meses o som que ele mais ouvia era a batida do meu coração. Porque é tão difícil respeitar isso?
Não que eu ache que ninguém deva se aproximar do meu filho. Longe disso. Apenas quero que ele seja respeitado. Quero que ele saiba respeitar, e acredito que a melhor maneira de ensinar é dando o exemplo.Amo quando Miguel gosta de um pessoa. Acho uma delícia vê-lo rindo e brincando. Mas se pequeno se nega a ficar no colo ouço que está malcriado e cheio de vontade. Sim, ele tem vontade própria, porquê, você não tem? Não está na hora de desconstruirmos esta visão de que a criança não tem desejos e vontade própria? 
Custa tentar se aproximar com respeito? Não é porque um bebê não sabe falar que a conversa é algo impossível. Converse, se aproxime, sorria, brinque. Deixe que a criança se sinta a vontade para encostar em você. Deixe que te conheça. Quer brincar de boneca, tem várias nas prateleiras das lojas. O bebê não é um boneco. Antes de arrancá-lo dos braços da mãe, pense se você gostaria de ser arrancado do lugar mais confortável do mundo apenas para agradar um estranho. Antes de querer que a criança lhe dê um beijo a qualquer custo, pense como seria chato se fosse o inverso, e que carinho se conquista. Antes de querer acordar um bebê, pense se você gostaria de ser acordado sem nenhum motivo. Respeite-o como gostaria que fosse respeitado.Convenhamos, não é tão difícil. 

3 comentários:

  1. Levi também não gosta muito de ficar sendo jogado pra lá e pra cá, mas não consigo achar um jeito educado de impedir que venham e peguem ele do meu colo. :(

    ResponderExcluir
  2. To adorando seus posts... Engraçado estive com Amandinha outro dia, e a filhinha dela Clarinha estava com a gente. Clarinha é muito séria!!! Muito, muito mesmo! Dificil tirar uma foto sorrindo... Mas como você cita no seu texto, por que ela tem que ficar sorrindo pra qualquer um? Hoje que ELA me conhece, fala comigo brinca, dá beijinho! Porque eu que até então era uma estranha, conquistei o seu carinho. Muito bom o post parabéns Elis, está me saindo uma fêmea super mãe!!! Continue seguindo seus instintos e seu coração!!!! Saudades, um beijo!

    ResponderExcluir
  3. Obrigada, Dai! Saudades de você também!

    ResponderExcluir