quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Ah, a amamentação...


Miguel, recém nascido, agarrado ao peito

Sonho em amamentar desde muito nova. Sempre achei um ato lindo. Lindíssimo. Quando Miguel nasceu, nos seus primeiros minutos de vida taquei logo no peito. Queria saber a sensação, descobrir a beleza de alimentar meu filho com o meu corpo. Para a minha frustração, os primeiros dias foram difíceis. Bebê afoito e mamãe inexperiente não são uma boa dupla. Eu só pensava nas informações que tinha lido na gravidez, na boca de peixinho, na pega correta. O moleque era esfomeado e antes de eu acertar a bendita pega ele prendia os lábios e quase me arrancava o bico do peito. Meu seio feriu. Três dias após o parto tive hiper lactação e coloquei a Pamela Anderson no chinelo, seios enormes, empedrados e doloridos. E lá se foram horas por dia ordenhando, massageando e pondo o leite e compressas nos machucados. Nem sei o que seria de mim se a Marcílha, minha parteira, não estivesse ao meu lado. Chegou um momento em que desabei. Sentei e chorei muito. Queria ter prazer em amamentar, mas não conseguia. O peito doía muito, sangrava e estava tão grande que eu não conseguia enxergar a cabeça do meu filho quando o colocava para mamar. Mas eu sabia que as coisas entrariam no eixo e que logo esses desacertos dos primeiros dias passariam. E passaram. Finalmente senti o prazer de amamentar. Amamentar é lindo, é forte, é delicioso.
Confesso que nunca prestei atenção em horários. Não sabia ao certo que horas o pequeno pegava no peito, ou quanto tempo demorava mamando. Até hoje não sei dizer quantas vezes ele mama no dia. Sei que mama muito, na hora que quer, o tanto que quer. E isso nos faz muito felizes.
Amamentar é doar-se. É um ato de amor, de carinho, de vida. Reduzir a amamentação a alimentação é injusto e tolo. Meu seio não apenas alimenta o meu filho, mas lhe passa segurança. No meu colo ele ouve a batida do coração que lhe ninou durante meses. Sente o meu cheiro. Se acalma. No meu seio nos conectamos de uma maneira muito poderosa, única. Só quem amamenta doando a alma sabe do que estou falando. Eu lhe doou meu leite, minha energia, ,meu afago,o meu ser. Ele me doa um amor sem mensura. Busca meus olhos, acaricia meu rosto. Ah, não há nada que se compare a este momento.
Nan? Mingau? Mamadeira?Mucilon? Eles jamais transmitirão ao meu filho tudo que vai no liquido que sai de mim. Não há formula no mundo que contenha - além dos meus hormônios, anticorpos e etc - o amor que    exalo ao amamentar. Ah, "querida" Nestlé, você jamais conseguirá traduzir tanta entrega em seu pozinho.Tanto sentimento não cabe em uma latinha.
Quando iniciei a complementação da alimentação, após os seis meses do pequeno, e porque ele me parecia pronto, fiquei com um aperto no coração. A amamentação exclusiva era algo tão valioso que queria que durasse mais. Mas a insegurança passou, a alimentação, como o próprio nome já diz é complementar. O teté continua sento o carro chefe, em livre demanda. E assim continuará. Até que nós dois estejamos prontos para encerrar este momento, da maneira mais natural possível. Sem traumas, sem cobranças.
Somos, ambos, absolutamente dependentes da amamentação. Não faço a mínima questão de encerrar esta dependência. Preciso dele no meu peito pra me acalmar e me sentir mais completa. É com ele mamando que o tempo pára e eu respiro, relaxada. O desmame não é cogitado, nem pensado, nem falado. Mesmo exausta e louca para dormir, no silêncio da noite, nosso vínculo é lindo e forte. Os olhos expressivos se arregalam procurando os meus, duas lindas luzes iluminando minha vida, em meio a escuridão.E quando a mãozinha me toca, apertando minha boca, meu coração se acalanta. Acompanho o respirar, sinto uma paz enebriante. Ele adormece, seguro e amado, e eu volto a dormir agradecendo a Deus por ter me dado a oportunidade de viver algo tão sublime.
A amamentação me toma de uma maneira sobrenatural. É magica. Ah, mães, esqueçam as mamadeiras, os leites fracos, a chupeta. Doem-se na amamentação. Deixem seu instinto guiar e se entreguem de corpo e alma. Nosso filhos irão crescer, a fase de amamentar é curta. Muito curta. Aproveitem. Aproveitem cada instante em que eles se agarram a nós como fonte de amor, alimento e vida. Fotografo em minha memória cada segundinho que ele está em meu peito. Tento guardar cada sensação, cada sentimento. Vai ficar tudo armazenado no meu arquivo emocional.Quando a saudade bater bem forte, essas imagens serão como um abraço, me consolaram e me farão lembrar como sou privilegiada. 

2 comentários:

  1. Descobri seu blog faz pouco tempo e simplesmente ADORO! e tenho mandado muita gente ler...rsrsrs
    achava que eu era meio anormal com alguns pensamentos que eu tenho, como não querer receber visitas no 1º mês depois que meu bebê nascer, mas fiquei muito feliz de ver que existem outras pessoas que tem opinião própria e principalmente coragem de ser tão franca!
    A gente não tem pq ser igual a ninguém e cada uma tem o direito de ser mãe a sua maneira, obrigado de verdade por estar me ajudando nesse momento de tantas dúvidas, coisas novas, enfim, nessa nova fase da minha vida, que demorou mais de 6 anos para acontecer, mas ainda me deixa assutada, surpresa, maravilhada e ansiosa...
    beijos Carol

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  2. Obrigada, Carol! Fico muito feliz que você gostou do blog!
    Deixe a maternidade te tomar, você não irá se arrepender. E curta muito a gravidez, morro de saudades do barrigão!
    beijo!

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