segunda-feira, 4 de março de 2013

Uma galinha, dois palhaços e a moda da vez

Em um mundo ideal, a mãe ou o pai poderia se dedicar exclusivamente à criança, dar-lhe seu tempo e atenção, guiando os primeiros passos nesse mundo maluco. Infelizmente não vivemos em um mundo ideal. Trabalhamos, estudamos, temos muitos afazeres além de cuidar dos pequenos, e, precisamos vez ou outra, que se aquietem para que possamos cumprir nossas tarefas. É aí que entra a televisão. Colocamos em um dos trezentos milhões de canais dedicados à criança, sentamos os pequenos frente à TV e deixamos que o aparelhinho cuide deles enquanto realizamos nossos afazeres.Tenho me policiado muito para que isso não ocorra aqui em casa, por diversos motivos. Acho que criança tem que se mexer. Essa coisa de ficar paradinha frente a Tv não faz bem. Criança tem que ser criança. E tem que ter imaginação de criança. Acredito que as imagenzinhas prontas tiram da criança a criatividade de sonhar, limita o lado lúdico da vida.
Quando acontece de colocar Miguel para assistir algo enquanto cuido dos meus assuntos, tenho muita cautela no que coloco. Fujo dos canais, programas e desenhos da moda, sempre.Coloco um dos DVDs comprados para ele e que eu assisti e aprovei previamente. Não assistimos a galinha pintadinha ou o Patati Patatá, e sou muito criticada por isso. Mas você já pensou nas repercussões do que você coloca para seu filho assistir? O que é um programa bom para você? O que coloca seu filho quietinho e mudo, sem te atrapalhar?

Antes que achem que eu sou uma dondoca com dez empregadas e não preciso de nada que aquite meu bebê, informo que não tenho babá, cozinho, cuido do bebê, da casa - uma ajudante vem uma vez na semana - e da lojinha. Me divido em mil, e ter o bebê calminho por alguns minutos seria ótimo para agilizar todos os meus afazeres. Mas temos que ir muito além do óbvio. Nenhum programa de TV atual é, puramente, um programa de TV. Se pensarmos que nossas crianças vão desligar a televisão e não serão influenciadas pelo que assistiram, estamos sendo extremamente ingênuos. 
Como disse, sou muito criticada por afastar meu filho da tal galinha e dos palhaços. Mas minha decisão não foi aleatória, foi extremamente fundamentada. Saia de sua casa e vá ao mercado. Já notou quantos produtos dos citados programas você vê? Biscoitos cheios de açúcar, sapatos, roupas, brinquedos, sucos artificiais porcaria, cadernos, tintas e uma infinidade de lixo consumista. Não me importa se as músicas são ou não bacanas. A intenção dos criadores da marca é muito clara e não atende as minhas expectativas. Os tais programas são puramente comerciais. Não estão nem um pouco preocupados com a saúde, bem estar e desenvolvimento do meu filho. O intuito é lucrar. E lucrar de todas as formas possíveis, com todos os tipos de produtos imagináveis.
Não respeito marcas infantis que associam sua imagem a produtos porcaria. Brinquedos de péssima qualidade, comida cheia de açúcar,gordura e pobre em nutrientes. Além de uma publicidade desleal direcionada aos pequenos. Quando não permito que meu filho assista este ou aquele programa, estou protegendo-o dessa selvageria. Não estou sendo radical, estou sendo cuidadosa. Se meu filho não conhece a tal galinha, não vai entrar no mercado e querer aquele suquinho cheio de corante só porque tem a foto da dita cuja. Não vai chorar quando eu negar o boneco dos palhaços. 
Nós costumamos proteger nossos filhos de muitos perigos, e, no entanto, lhes damos de bandeja para o voraz mercado de consumo. Deixamos que sejam exposto a todo tipo de informação duvidosa, que sejam incentivados a consumir todo tipo de porcaria. Pior, deixamos que se tornem produto das grandes empresas. Criar na criança o vício pelo consumo garante a sobrevivência das grandes marcas. Ao expor meu filho a tanta publicidade estou permitindo que o mercado crie mais um consumidor. Estou permitindo que ele seja mais um produto, mais um consumidor inconsciente que deseja desesperadamente suprir necessidades que não possui. Por esses e por outros motivos  fechei a porta para os programas e canais da moda. Antes de colocar qualquer coisa para Miguel, assisto, analiso, estudo, observo. Pesquiso a forma que a criança é tratada, se como criança ou se como mais um produto/mercado consumidor.Não permito que a televisão ensine a ele valores que abomino. Dá mais trabalho, sem dúvida. Mas meu filho não toma decisões por si só, e, se nós, como pais, não os protegermos, quem irá fazê-lo?

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