sábado, 18 de janeiro de 2014

E chega um novo amor

Passei uns dias sumida. Tudo bem, não sou uma blogueira muito assídua, mas dessa vez o hiato foi longo. Longo e absolutamente necessário. A vida mais uma vez me mostrou que não estou no comando de absolutamente nada. Mais uma vez sacudiu todas as certezas, mudou os planos e tirou tudo do lugar. Eis que me encontro mais uma vez grávida. Assim, sem planejar - pelo menos não conscientemente - sem sonhar, sem querer. Um novo fruto se instalou no meu ventre, com a força e a certeza de quem quer nascer de mim. Sim, mais uma vez fui escolhida. Sem qualquer convite, sem aviso, cresce mais uma vez um novo ser. 
Como toda notícia sem aviso, esta me tirou o chão. Eu, mãe apaixonada, fêmea saudosa dos tempos de barrigão, não consegui enxergar qualquer alegria. Chorei. Choro de luto, de morte. Porque vida também traz morte. E me dei um tempo pra chorar. Chorei a morte dos planos, dos novos estudos, da retomada próxima a vida profissional. Chorei a morte da mãe de um. Chorei a morte do cronograma tão planejado por esta mãe. E chorei e chorei. Sem dúvidas, cada lágrima derramada foi essencial para que o sorriso voltasse a florir em meu rosto. Porque a lágrima lava a gente de dentro pra fora. E eu precisava desse banho interno. Olhei inúmeras vezes para Miguel, com apenas 15 meses - hoje com 17 - e pedi perdão. Perdão pelas mudanças, pela minha dor, pela minha futura falta de tempo. Perdão por ter um outro bebê enquanto ele ainda é um bebê. Perdão porque deixaria de ser apenas mãe dele.
Por diversas vezes ouvi, das pouquíssimas pessoas que sabem desta gravidez, que não tinha motivo pra chorar, que filho é benção, que filho é alegria. Sim, filho é isso tudo mesmo. Mas também é mudança, é responsabilidade, é dedicação, é entrega. E agora, finalmente com a alma confortavelmente entregue a um, terei que dividí-la para dois. Não é fácil, não será fácil. 
Com a certeza que não será fácil em baixo do braço, trilhei um caminho de aceitação, de choro, de sonho e, sobretudo de amor. E aqui estou. 12 semanas de gestação. Não sei quantas faltam, mas não há pressa. Hoje posso dizer, de coração aberto, que aceito mais um vez esse privilegio. Porque gerar outra vida é um presente. Ainda não posso me considerar feliz. Mas estou em paz. Que venha esta nova luz para abrilhantar ainda mais os meus dias. Que venha cheio(a) de graça. Que venha certo(a) de que será bem recebido(a). 
Ensino ao meu filho, diariamente, que amor não tem limite. Quanto mais a gente dá, mais recebe. É uma fonte inesgotável, é força que se multiplica, que trasborda. Pois então a mãe de um transbordará de amor para os dois. Cá estou, mais uma vez no começo do caminho. Voltarei ao RN molinho, com cheirinho de leite materno. E verei novamente os primeiros passos, as primeiras palavras, as primeiras descobertas e os primeiros medos. As madrugadas novamente terão choros e fraldas de cocô. E mais vezes sentirei vontade de não ser mãe de nenhum. Mas agora terei dois sorrisos lindos, um bem banguelinho, para me mostrar que o sol brilha. E terei beijos nas duas bochechas, ao mesmo tempo. E o colo ficará cheio. E a cama ficará sempre quente. E escutarei bebenês por muito mais tempo que o previsto. E saberei que sou ainda mais amada que sou hoje. Mais vida em mim. Mais vida nada casa. Mais vida na vida. Que seja bem-vindo(a).

Um comentário:

  1. Oi! Que coisa boa quando a gente escuta nossa intuição, a mamifera que existe dentro de nós, e respeitamos as necessidades urgentes do nosso corpo e da nossa alma.
    Passado o susto inicial, chegará a hora de colher flores.
    Um segundo filho com certeza traz mais cansaço e posterga alguns planos, mas eu vejo como se fosse uma extensão, uma especialização daquele curso que vc fez e amou, e precisa de mais alguns anos pra vivenciar em todos os aspectos. Porque é isso que vai acontecer. Quando o bebê chegar, você vai se surpreender com as novas facetas do amor, as novas nuances de liberdade, tranquilidade e realização.
    Tudo de bom pra sua familia!

    ResponderExcluir