A cada dia constato que pari um lindo, genioso e determinado ser. Sabe o que quer, a hora que quer e o jeito que quer. E odeia ser contrariado. Grita, joga as coisas no chão. Berra desesperadamente, fica vermelho. As vezes puxa os cabelos. Diante de cenas como esta, a criatura que eu era enlouqueceria, consideraria uma tremenda afronta e sem dúvida reprimiria o comportamento com um castigo moral e/ou físico. Mas a criatura que hoje sou enxerga a beleza destes momentos. Mesmo as vezes querendo surtar junto, sei que está diante de mim uma demonstração de sentimentos genuína e forte, a frustração. A tal birra, que tanto fazem questão de alarmar e julgar como falta de limites, nada mais é que um ser frustrado exteriorizando toda raiva e desapontamento que sente. Não tem nada a ver com você, não tem a intenção de manipular, de chantagear. Não é o seu filho se enveredando para o lado negro da força. É seu filho sendo um humano que ainda não aprendeu a controlar seus próprios sentimentos. Simples assim.
Como você lida com suas frustrações? De que maneira age quando seus planos saem dos eixos? De que maneira gostaria de agir quando dá tudo errado? A sensação de frustração é péssima. Mesmo após os vários desapontamentos que acumulamos com os anos, o fracasso continua a doer e desestabilizar. Agora reflita, se já é péssimo para você, adulto, que sabe exatamente o que está acontecendo, porque está sentindo e como resolver - ou não - a situação, imagine para um ser que não faz ideia de como o mundo funciona, que não sabe se expressar com clareza, que não sabe nem organizar as ideias com precisão. Passei a ter um pouco mais de empatia às explosões de raiva do pequeno. Eu iria ficar P da vida se meu marido me tomasse o celular enquanto eu estava usando, principalmente se o fizesse de maneira abrupta. E se me obrigassem a sair de um lugar, no ápice da minha diversão? Com certeza eu não reagiria de maneira branda, amável e pacífica. Agora porque esperamos tanto das crianças? Porque desejamos que tenham atitudes que nós não somos capazes de ter? Porque menosprezamos tão friamente seus sentimentos? Será que não merecem um pouco mais que frases imperativas e olhares repressores?
A maternidade é um aprendizado continuo e tenho crescido com meu filho, diariamente. Aprendi a enxergá-lo como gente e tratá-lo com o mesmo respeito que trato meu marido e as pessoas que amo muito. Se nos colocarmos um pouco no lugar deles, perceberemos que a tal "birra" não foi sem razão. E quando conseguimos enxergar que ali, a nossa frente, está apenas um ser humano com um forte sentimento de frustração, baixamos a guarda e, com menos raiva ou estresse, nos oferecemos apenas para explicar e consolar. Quando este episódios acontecem aqui em casa, abraço meu filho, o pego no colo e explico porque a mamãe agiu daquela maneria. Falo que também estaria chateada se fosse ele, mas que infelizmente a mamãe não podia fazer diferente. E como faria a um amigo, o consolo. Em poucos instantes, em regra, o nervosismo passa e ele, com o mesmo olhar lindo e doce de sempre, brinca como se nada tivesse acontecido.
Com o desenvolvimento de sua personalidade e autonomia estas situações serão cada vez mais frequentes. Mas não me furto ao meu papel de mentora. Não calo as demonstrações de raiva, o choros de frustração. Não o ensino que deve calar seus sentimentos, mas a lidar com eles. Meu filho precisa saber que todos estes sentimentos são legítimos e humanos. Estou certa de que será um adulto mais pacífico, seguro e amável que os que vemos por aí. Um homem que conhece seus sentimentos, suas dores e alegrias, sabe vivê-las com plenitude. Não calará suas frustrações, e também não se tornará agressivo por conta delas. Talvez escreva uma música ou uma poesia. Quem sabe pinte um quadro. De uma coisa estou certa, a cada "birra" aprendemos a lidar melhor com nossas dores e frustrações, Ele e eu.
Com o desenvolvimento de sua personalidade e autonomia estas situações serão cada vez mais frequentes. Mas não me furto ao meu papel de mentora. Não calo as demonstrações de raiva, o choros de frustração. Não o ensino que deve calar seus sentimentos, mas a lidar com eles. Meu filho precisa saber que todos estes sentimentos são legítimos e humanos. Estou certa de que será um adulto mais pacífico, seguro e amável que os que vemos por aí. Um homem que conhece seus sentimentos, suas dores e alegrias, sabe vivê-las com plenitude. Não calará suas frustrações, e também não se tornará agressivo por conta delas. Talvez escreva uma música ou uma poesia. Quem sabe pinte um quadro. De uma coisa estou certa, a cada "birra" aprendemos a lidar melhor com nossas dores e frustrações, Ele e eu.
Nossa! Como me identifiquei.. Penso como vc. Tenho muito respeito pelos sentimentos dele, apenas com 1a8m.
ResponderExcluirEsses olhares repressivos q mencionou, eu sinto isso sim, mas sinto das pessoas q passam na rua ou no shopping e o veem em alguns desses momentos.
Torço q tenhamos sempre oportunidade de momentos assim para podermos crescer com eles. Como aprendo com esse serzinho a cada dia... Amo tanto!